Dicas para escolher o nome para a sua função
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Consultório Portal GSTI #20 – Dicas para escolher o nome para a sua função
Caros leitores,
Na semana passada destaquei a importância da partilha de modelos semânticos que permitam uma melhor comunicação nas Organizações, tendo dado como exemplo a importância de se entender o significado da palavra Informação para que se possa falar de Inteligência competitiva .
Outro domínio onde se verifica este conflito entre a sintaxe e semântica das palavras é no “batismo” que é dado às áreas relacionadas com as Tecnologias de Informação e, consequentemente, os títulos que são dados aos seus responsáveis. As palavras mais utilizadas são “ Sistemas ”, “ Tecnologias ”, “ Informação ” e “ Informática ”, existindo várias combinações possíveis. Veja-se uma lista de alguns nomes que são normalmente utilizados:
- Diretor de Sistemas de Informação;
- Diretor de Tecnologias de Informação;
- Diretor de Tecnologias de Informação e Comunicações;
- Diretor de Sistemas e Tecnologias de Informação;
- Diretor de Sistemas Informáticos;
- Diretor de Sistemas;
- Diretor de Tecnologias;
- Diretor de Informática;
- Diretor de Serviços Informáticos; ou
- CIO.
Se fizermos um rápido regresso ao passado, o termo Informática surge com o aparecimento de Computadores para processamento automático de Dados com vista a produção de Informação (i.e. dados com um contexto), tendo sido genericamente designados de Sistemas Informáticos todos os dispositivos envolvidos nesse processamento (ex. entrada, processamento, armazenamento, saída). Com os Computadores a ganharem relevância nas empresas, surgiram as primeiras Direções Informáticas ou Direções de Sistemas , precisamente para “tomarem conta” desses recursos até então desconhecidos, chamados Computadores .
Os Computadores representaram uma verdadeira revolução nas Organizações, não como um fim, mas como um meio para valorizar a Informação , passando a Informação a ter uma maior centralidade nas Organizações, bem como todos os recursos envolvidos nessa criação de valor, quer fossem Computadores ou Comunicações , passando-se a utilizar o termo Tecnologias de Informação . A utilização do termo Tecnologia veio trazer um desafio semântico uma vez que por Tecnologia podemos entender o conhecimento e a aplicação desse conhecimento através da utilização de recursos com um determinado objetivo, e neste sentido existe um “recurso” que há mais de 3000 anos processa e comunica informação: o ser Humano . Sendo assim, foi relevante enquadrar de uma forma mais holística os elementos que contribuem para a transformação de Dados em Informação e para a criação de Conhecimento e Valor . Ao juntarmos e interligarmos elementos como as Tecnologia , as Pessoas e os Processos num determinado Contexto organizacional e com um objetivo comum (a criação de valor a partir da Informação ), passamos a ter aquilo que pode ser designado por um Sistema de Informação .
Neste exercício não fiz propositadamente referências a definições formais de cada um dos termos utilizados, precisamente para que fosse possível perceber como as mesmas palavras surgem interligadas num sistema complexo de significados, e onde a análise semântica não se pode restringir apenas as palavras mas ao seu contexto de utilização.
Com este exercício é possível entender que existem termos com âmbitos mais restritos e outros com âmbitos mais gerais, sendo o mais importante no “batismo” da função começar desde logo por entender qual o mandato que é esperado para a função: pretende-se que a função esteja focada na Informação ou na Tecnologia? Será a Tecnologia reconhecida como um meio ou um fim? A organização reconhece e valoriza a existência de objetivos comuns ou funciona em torno da soma dos objectivos das diferentes áreas?
Veja-se alguns dos erros mais comuns relacionados com alguns os nomes da função anteriormente identificados:
Função | Comentários |
· Diretor de Sistema de Informação · Diretor de Sistemas de Informação · CIO · Diretor de Tecnologias de Informação | Se o nome utilizado for “Diretor do Sistema de Informação”, então é sua responsabilidade todas as Tecnologias de Informação na Organização necessárias para a criação de valor, quer sejam Processos, Tecnologias ou Pessoas. Neste caso a palavra “Sistema” não deverá ser associada a “Sistema Informático”, mas sim à “Teoria geral dos Sistemas” e à necessidade de olhar para a Organização como um todo e não apenas como a soma de um conjunto de partes (ex. Direções, Departamentos). Sendo assim, Sistema de Informação representa a sinergia de toda a Organização para potenciar a Informação na criação de valor, garantindo que “o todo é mais do que a soma das partes”. No entanto, um “s” pode fazer toda a diferença, uma vez que uma Organização apenas tem um Sistema de Informação, e a utilização do termo Sistemas poderá representar que o mandato não vai além daquilo que é entendido como “Sistemas Informáticos”, ou Computadores. É possivelmente o cargo mais próximo da função designada de CIO e aquele que representará um maior envolvimento da Tecnologia e do Negócio. Apesar de ser um termo que ganhou alguma notoriedade nos últimos anos, importa relembrar que decorre de um modelo de funcional normalmente utilizado em Organizações dos EUA onde para cada área funcional existe um “Chief”, ou, responsável máximo. Usar… quando a Informação é realmente reconhecida como um recurso central e importante para a criação de valor na Organização. Evitar… quando a Organização apenas reconhece a função como suporte às Tecnologias. Nada pior que ser-se conhecido como “O Informático” e querer-se fazer passar como CIO! |
• Diretor de Tecnologias de Informação • Diretor de Tecnologias de Informação e Comunicações • Diretor de Sistemas e Tecnologias de Informação | Se entendermos “Tecnologias de Informação” não apenas como a dimensão Tecnológica, mas como todos os recursos do Sistema de Informação (ex. Informação, Pessoas, Aplicações e Infraestrutura), então este é provavelmente o nome mais indicado para a função. Neste sentido, poderá não fazer muito sentido complementar o nome “Tecnologias de Informação” com Comunicações ou Sistemas pois poderá representar uma redundância e não ajudará a clarificar a função. Usar… quando a Organização não tiver uma visão global da Informação e a “boleia” da Tecnologia for a forma mais fácil de promover o valor da Informação. Evitar… quando o conceito de Informação ainda não estiver suficientemente entendido na Organização ou a Tecnologia for apenas encarada como uma forma de automatização do negócio. |
• Diretor de Sistemas Informáticos • Diretor de Sistemas • Diretor de Tecnologias • Diretor de Informática • Diretor de Serviços Informáticos | Para muitas organizações a Tecnologia continua a ser uma forma de automatização de processos de negócios. Nestes casos, para o utilizador, “Tecnologias”, “Sistemas” ou “Informática” são sinónimos e qualquer um serve desde que as aplicações estejam a funcionar e os Emails a entrar e a sair. Usar… quando é reconhecida a importância da Tecnologia dentro da Organização, mas a função é sobretudo de suporte tecnológico ao negócio. Evitar… quando as e as oportunidades e ameaças à Informação necessitam de ser analisadas de forma global na organização e além da dimensão da Tecnologia. |
Já aqui tinha escrito há algum tempo que no artigo "O hábito não faz o monge; mas fá-lo parecer de longe" [1] sobre a importância que os nomes têm ou podem ter para promover uma correta comunicação empresarial, onde referi que poucos saberão quem é “Elizabeth Alexandra Mary”, mas muitos sabem quem é “Sua Excelência, A Rainha”. Os nomes dão relevância às funções e é sem dúvida através deles que clarificamos os seus mandatos e reforçamos o seu poder, autoridade, âmbito de atuação, competências, etc.
Agora fica lançado o desafio para o leitor olhar para o nome da sua função e validar se está alinhado com aquilo que realmente faz. Caso identifique alguma divergência, então terá de decidir se vai alterar o que faz para se aproximar do nome da função ou se muda o nome para clarificar o que faz!
Espero ter ajudado!
Bruno Horta Soares, CISA®, CGEIT®, CRISC ™ , PMP®
"The more you know, the less you no!"
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[1] https://www.portalgsti.com.br/2013/04/lab-gsti-20-o-habito-nao-faz-o-monge.html Outros artigos desta série, por Bruno Horta:
- Consultório Portal GSTI #19 – Dados, Informação, Conhecimento e Valor!
- Consultório Portal GSTI #18 – BYOD com Blackberry ou iPhone? Com COBIT 5!
- Consultório Portal GSTI #17 – Estratégias “Inclusivas” de TI
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