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A Síndrome do Pato

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Wellington Moreira CONTEÚDO EM DESTAQUE

Ele nada, voa e corre, mas na verdade não faz nada bem feito.


Os bichos da floresta estavam em polvorosa, pois ultimamente vinham aparecendo, por aquelas bandas, terríveis caçadores, que matavam quem encontrassem pelo caminho. Certo dia, reuniram-se à margem do lago um pássaro, um peixe, um coelho e um pato, que conversavam sobre o que cada um poderia fazer, caso aparecesse algum caçador.

Dizia o pássaro: “Ah, se aparecer algum caçador, eu saio voando como um foguete. Com toda a minha força e habilidade, não tem como ele me acertar, pois ninguém consegue voar mais rápido do que eu.”

O peixe olhou para o pássaro e comentou: “Quanto a mim, se esse tal caçador aparecer, eu mergulho no lago e nado como nunca. Com a minha destreza e velocidade, ninguém nada melhor do que eu.”

O coelho, por sua vez, ponderou: “No meu caso, não tenho nem o que pensar. Corro o mais veloz que puder. Com toda a minha elasticidade e leveza, vocês acham que alguém me alcançaria?”

O pato, demonstrando um certo ar de superioridade, deu um passo à frente e declarou: “Coitados de vocês, companheiros! Tão limitados! Se aparecer algum caçador, eu não terei problema algum, pois eu sei fazer tudo isso que vocês dizem que fazem: eu nado, corro e vôo. No momento certo, utilizo qualquer uma dessas habilidades.”

De repente, surge um caçador e, mais que depressa, o pássaro voou, o coelho saiu em disparada e o peixe entrou no lado e nadou bem fundo. O pato, porém, foi apanhado. Literalmente, “pagou o pato”. Mesmo tendo todas as habilidades dos demais, não tinha desenvolvido nenhuma com excelência.

É alarmante ter que ressaltar isto, mas diariamente convivemos ao lado de profissionais que fazem tudo pela metade, pois desenvolveram suas habilidades também pela metade – estamos falando daquilo que intitulo “SÍNDROME DO PATO ”. Pessoas que aceitaram o comodismo de fazer as coisas de qualquer jeito e acreditar que podem colher resultados melhores sem uma boa dose de esforço.

O que mais me surpreende é que estes mesmos profissionais reclamam que “não ganham o que merecem”, “não são reconhecidos pelo que fazem”, “são perseguidos pelos seus chefes” , mas daí vem a pergunta: Quais competências desenvolveram nos últimos doze meses? Normalmente nenhuma. Ou então inúmeras, mas tudo pela metade...

Experimente fazer esta mesma pergunta para você: O que o diferencia dos demais profissionais de sua área? Todos sabemos da importância de sermos multifuncionais, polivalentes, verdadeiros “coringas”, que jogam em todas as posições; entretanto, você só será lembrado se fizer algo tão bem que possa transformá-lo em referência naquilo que faz .

A SÍNDROME DO PATO faz com que este animal seja um medíocre nadador, voe com dificuldade e corra pior ainda. Esta combinação o transforma em uma presa fácil aos caçadores; e para nós, é um suicídio profissional. 

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