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A inteligência artificial e o seu uso no setor energético

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Adriano Luz CONTEÚDO EM DESTAQUE

Não há dúvida de que a inteligência artificial é uma das tendências mais atuais do setor de tecnologia.

Dentro deste mundo tão amplo e heterogéneo, encontramos uma panóplia de soluções (machine learning, deep learning, ferramentas cognitivas, etc.) que prometem revolucionar praticamente todos os setores e negócios que podemos imaginar. E, o mais importante, é que parece que do discurso comercial já estamos a passar a uma realidade palpável: a inteligência artificial já é responsável por mover um mercado superior a 19 milhões de dólares, e segundo as previsões, este ano deverá atingir os 52 milhões.

Um dos principais setores de aplicação da IA é o setor energético. É cada vez mais importante, pela segurança inerente à rede elétrica, que se apresentam como infraestruturas críticas de grande impacto na sociedade e na economia. Talvez seja por isso que é tão importante que a IA chegue o mais rápido possível para alcançar uma reinvenção da energia há muito esperada e necessária à escala global.

Esta tendência vertical não é novidade, mas o seu crescimento nos últimos anos é louvável. De acordo com a CB Insights, o número de menções à inteligência artificial em relação à energia disparou nos últimos dois anos, o que se revela num claro reflexo do enorme interesse que essa confluência de conceitos tem gerado neste mercado.

No entanto, até se pode dizer mais. Cerca de 29% das empresas de energia em todo o mundo afirmam já ter aplicado soluções de IA no seu seio, as quais funcionam perfeitamente, enquanto outros 20% reconhecem que, apesar de já terem apostado, ainda não estão a receber os benefícios esperados. Esta informação foi efetuada pela Infosys, segundo a qual apenas 4% das empresas do setor não têm planos de incorporar inteligência artificial nos seus processos e sistemas de produção.

Benefícios e primeiros casos de sucesso

● Smart grids

A rede elétrica onde ocorre a distribuição de energia até nossas casas e empresas, está “acorrentada” a instalações com as que nasceu há vários séculos.

Por este motivo, nos últimos anos surgiu um novo conceito, o de redes inteligentes ou “smart grids”, impulsionado principalmente pelas capacidades da inteligência artificial.

Estamos falando das redes distribuídas e automatizadas, capazes de análises inteligentes em tempo real, equilibrando a oferta e a procura de energia e ainda detectando possíveis erros ou fraudes em toda a cadeia de abastecimento.

A instalação dos novos contadores inteligentes de energia é um exemplo disso. Estes novos sistemas têm vindo a ser instalados nos locais de consumo de energia, levando à modernização da rede elétrica de vários países. Os novos contadores permitem assim uma gestão mais eficiente da energia, comunicação da leitura da luz à distância, sendo que o envio é efetuado automaticamente, bem como alterações contratuais de forma remota, tais como, alteração da potência elétrica.

Além disso, graças à tecnologia de IA incorporada nas 'smart grids', os fornecedores de energia serão capazes de gerir com maior eficiência as falhas do serviço, otimizar a tensão ou detectar picos de alto consumo energético ou até o comportamento específico de alguns clientes ou cidades.

Da mesma forma, e isto é o mais importante, este paradigma é o único que permite abordar a produção distribuída (isto é, em pequenas fontes de energia mais locais ou mesmo em edifícios privados ou residências -muitas delas renováveis-, em comparação com a modelo atual de grandes centrais elétricas de carvão ou nucleares) para que possamos reduzir a dependência energética dos modelos tradicionais e possamos aproximar a produção de eletricidade do consumidor final de forma sustentável.

As redes inteligentes começam assim, a dar sinais do seu grande impacto real. Nos Estados Unidos, o setor da energia investiu nada menos que 4,5 bilhões de dólares nos últimos sete anos para modernizar a sua rede elétrica para um conceito mais inteligente, com 15 milhões de contadores conectados e sistemas preditivos para detecção de apagões.

Mas há mais: vários estudos afirmam que o desenvolvimento de redes inteligentes vinculadas a novas cidades resultará em uma economia de 14 bilhões de dólares por ano nas contas de energia até 2022. Se nos basearmos na realidade mais imediata, a economia atual das capacidades da Inteligência Artificial, já estão avaliados em cerca 3,4 milhões de dólares no ano passado, como resultado da implementação dos contadores inteligentes, políticas de poupança de energia e também devido às tecnologias de detecção para melhorar a eficiência e confiabilidade da rede.

● Antecipar a demanda

Na mesma linha, a incorporação da inteligência artificial no setor energético também permite aos fornecedores antecipar a procura de energia elétrica nos centros urbanos ou industriais, de forma que a produção se ajuste a cada necessidade de cada caso.

A mágica surge não apenas quando temos acesso a essa procura em tempo real, mas quando pode ser prevista com meses ou anos de antecedência, ou o suficiente para favorecer a tomada de decisões empresariais ou a aplicação de políticas públicas neste aspecto.

● Manutenção preditiva

Outra das grandes revoluções que a inteligência artificial promete neste campo em particular é a manutenção preditiva das redes de distribuição elétrica. Podemos imaginar que cada ponto de toda a rede de abastecimento seja monitorizado em tempo real e que possa alertar quando os componentes estão prestes a falhar, de maneira a que o incidente possa ser resolvido antes que ocorra uma falha mais grave? Ou que as centrais de geração de energia podem controlar possíveis fugas ou antecipar erros no projeto ou operação que representem uma ameaça ou que possam até paralisar a atividade?

● Eficiência energética

Na ótica de eficiência energética, e seguindo todas as abordagens anteriores, vale a pena lançar a questão: Se é possível antecipar a procura, evitar fugas e equilibrar a carga de energia, seria possível reduzir o consumo de energia elétrica graças à inteligência artificial?

A resposta é clara: sim! Tanto em consumos domésticos (com soluções analíticas incorporadas em termostatos inteligentes, como o Nest, da Google) e/ou meios industriais, a IA é uma realidade que promete.

● Inteligência artificial e as energias renováveis

As energias renováveis são a grande aposta dos governos da maior parte do mundo - com exceção dos Estados Unidos - diante da ameaça do aquecimento global e da escassez de recursos como o petróleo ou os perigos das fontes nucleares. No entanto, o vento ou o sol têm uma desvantagem acrescentada: são recursos infinitos, mas muito intermitentes. Os produtores dependem das condições climáticas e não podem garantir um nível mínimo de produção, muito menos fazer com que a procura seja atendida em certas ocasiões.

É por isso que a inteligência artificial é fundamental, pois permite prever essas condições meteorológicas e, portanto, saber quanta energia teremos disponível num determinado momento.

Estamos diante de uma mudança do setor elétrico graças à grande capacidade de transformação da inteligência artificial.


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