Todas as vezes que o mercado passa por um período de turbulências ou uma grave crise econômica, como a atual, o status quo é afetado. Na linguagem do matuto, “as melancias são reacomodadas dentro do caminhão”. Aquilo que era reconhecido como verdade até ontem, hoje já não parece ser; uma iniciativa tida como coerente durante anos, agora é chamada de “bobagem”.
Tempos de bonança, por outro lado, só reforçam a continuidade das coisas. Quem está numa posição de destaque fica ainda mais forte com o decorrer do tempo e novos potenciais competidores ficam satisfeitos com o seu pequeno espaço porque não têm força para ameaçar aqueles que estão no topo e conhecem as regras do jogo como ninguém.
Nossa geração ainda está aprendendo a lidar com aquilo que muitos especialistas chamam de “Mundo VUCA”. Sigla que descreve as quatro características agora encontradas em praticamente todos os mercados: volatilidade, incerteza (do inglês, uncertainty), complexidade e ambiguidade.
Mas existe algo muito bom nesse contexto de aparente caos. Janelas de oportunidades estão se abrindo por todos os lados para os mais diferentes tipos de empresas que conseguem entender suas três premissas: nem sempre os principais players acompanharão as mudanças disruptivas que afetam seu mercado, os consumidores mudarão seus hábitos de consumo num intervalo de tempo cada vez menor e produtos inovadores criarão segmentos de negócios – e destruirão outros – a partir do nada.
Vamos a exemplos pontuais. Nestes novos tempos competidores nanicos – mas agressivos e ágeis – já tomam o espaço de empresas consagradas porque não têm muito a perder nem carregam a arrogância típica de quem está no topo há algum tempo. Se você possui um restaurante e seus clientes pararam de visitá-lo, eles não deixaram de comer, só estão gastando o dinheiro em outro lugar. A Netflix, operando há apenas quatro anos no Brasil, já fatura R$ 1,1 bi e se tornou a segunda maior empresa de comunicação do país (atrás apenas da Rede Globo) sem que SBT, Record ou Band soubessem o que fazer para impedir seu avanço.
As companhias não são afetadas pela crise da mesma forma. Enquanto algumas sofrem um nocaute no primeiro round, outras aproveitam a nova conjuntura para crescer e prosperar. Mas, como aproveitar as janelas de oportunidade que estão aparecendo?
1) Fique atento àquilo que acontece no mercado. Isso implica viajar para grandes centros a fim de ver o que outras empresas que atuam em seu negócio estão fazendo e saber como lidam com a crise que todos enfrentam.
2) Procure entender a nova rotina dos seus clientes. Eles estão mudando seus hábitos exatamente neste momento e se você compreender as novas prioridades deles será mais fácil ter um portfólio de produtos e serviços que realmente os atenda.
3) Acompanhe os movimentos da concorrência. Talvez alguns dos competidores próximos já tenha entendido o que mudou no mercado bem antes de você e não é pecado algum copiar a boa iniciativa dele. Aliás, se não é possível estar à frente sempre, pelo menos devemos seguir quem faz algo bem feito.
4) Tenha uma equipe disposta a operar mudanças. Você pode identificar boas oportunidades, mas só conseguirá implantá-las com sucesso se puder contar com pessoas que aceitem e saibam lidar com o desconforto da mudança. Aquela velha história: ninguém lidera uma grande transformação sozinho.
5) Seja ágil. No mercado atual não é a melhor estratégia que vence e sim a mais bem executada. Se o seu concorrente oferecer algo medíocre ao mercado neste momento, mas mesmo assim suprir as necessidades latentes do consumidor, certamente você ficará para trás e verá sua ótima iniciativa naufragar mais adiante.
Por fim, um cuidado: qualquer ideia genial pode levá-los à bancarrota mais rápido ainda se a sua empresa estiver cheia de dívidas, sem crédito na praça, com processos totalmente ineficazes ou uma equipe pouco propensa às mudanças. Uma coisa é visualizar a oportunidade, outra bem diferente é ter a capacidade de executá-la no momento certo e do jeito certo.