Steve Jobs é aquele tipo de líder que marcou tanto a nossa geração que ainda durante muitos anos surgirão novos livros, filmes e histórias sobre passagens marcantes da sua vida que vale a pena conhecermos. Tanto exemplos positivos quanto outros que mostram exatamente o que não devemos fazer em nossas empresas.
Mas, por que ele foi tão especial assim? Porque revolucionou nada menos do que seis diferentes mercados: computadores pessoais, filmes de animação, música, telefonia, tablets e publicação digital. Quem mais, em seu tempo, mudou o curso das coisas tão drasticamente ao longo das últimas décadas – ou mesmo séculos atrás? Talvez Leonardo da Vinci e olhe lá.
Desde a morte dele, em outubro de 2011, muito se discute de onde vinha a sua incrível capacidade de atrair profissionais supertalentosos e extrair o melhor dessas pessoas, se no dia a dia era visto como intratável por quem o conhecia de perto. Sim, Jobs era aquele tipo de líder que, ao conhecê-lo, logo classificaria você como extraordinário ou imbecil. Sem meio-termo. E um detalhe: para ele, a maior parte das pessoas fazia parte do time dos imbecis.
Aliás, daí vem outra dúvida: como alguém assim pode ser considerado um bom exemplo de líder? Especialmente, num momento da história em que o relacionamento líder-liderado é colocado como condição básica para o sucesso de qualquer gestor?
O fato é que Jobs compensava a sua falta de tato pessoal com uma incrível capacidade de inspirar todo mundo ao seu redor. Ele sabia despertar significado, senso de propósito, vontade de “chegar lá” ou qualquer outro nome que você dê àquele brilho nos olhos que leva todos nós a mover céus e terra até atingir o objetivo traçado.
Ainda que destratados, vários colaboradores diretos conseguiam relevar suas malcriações porque sentiam que trabalhar ao lado dele lhes possibilitava uma chance real de mudarem o mundo. Ter um chefe que falava coisas duras e despropositadas não era motivo suficiente para abandonarem o que sempre sonharam encontrar em suas carreiras.
O que estou querendo dizer é que se você consegue inspirar as pessoas que trabalham contigo, elas são capazes de tolerar alguns dos seus “deslizes” porque acreditam na causa e se sentem realizadas por participar de algo grande.
A questão é que talvez você não esteja à frente de um negócio que possibilite grandes oportunidades de “mudar o mundo” ou, pior, não é alguém que os outros considerem muito empolgante. Nesse caso, o que lhe resta então? A capacidade de magnetizá-los pelo relacionamento, o jeito com que lida com eles.
Steve Jobs nunca foi um bom líder de grupo, pois já está mais do que provado que ele não tinha algo central para conquistar uma equipe no dia a dia: empatia. Era alguém muito centrado em si mesmo para perceber o quanto chocava as pessoas com suas palavras duras e a insistência em manipulá-las.
Jobs só entendeu realmente onde estava o seu talento maior ao retornar à Apple com o objetivo de salvá-la de uma provável falência, onze anos depois da sua saída traumática. Naquele momento, maduro, ele já sabia que seu papel era o de guiar a empresa e não as pessoas. Ele tinha de liderar o negócio e não as equipes internas. Seu talento estava na capacidade de visualizar o futuro e comunicá-lo ao time no palco, bem distante das exigências da operação rotineira.
Se pensarmos em Steve Jobs como um exemplo de líder de grupo, podemos categorizá-lo como um gestor medíocre. É bem provável que aquele chefe ruim que você teve alguns anos atrás tenha sido um santo perto do fundador da Apple. Contudo, se queremos aprender sobre como inspirar outros seres humanos a entregarem o seu melhor, então vale a pena conhecermos tudo o que for possível sobre a história dele. Uma coisa é certa: você também ficará inspirado.