Autor: Flávio Moura
A cultura do imediatismo está cada vez mais instituída em nossas vidas e nas organizações, mas não se pode confundir agilidade com pressa
Quanto tempo você é capaz de esperar para alcançar o cargo que almeja dentro da empresa para a qual trabalha ou fazer a viagem dos seus sonhos? Resposta um tanto difícil, não é mesmo? A verdade é que a maior parte das pessoas se mostra impaciente quando a evolução das coisas parece vagarosa.
Não é nada incomum encontrar por aí um colega que começou um regime na segunda-feira e na sexta espera subir na balança e já se deparar com vários quilos a menos. Ou outro que mal se matriculou na academia e logo procura no espelho possíveis músculos crescendo e a barriga murchando.
Essas pessoas sofrem da “síndrome do pedreiro”. Querem ser capazes de medir com exatidão o quanto progrediram ao final de cada dia, esquecendo-se que a natureza do seu trabalho muitas vezes não tem nada a ver com o ofício de levantar paredes.
E o fato é que essa cultura do imediatismo está cada vez mais instituída em nossas vidas e também nas organizações. É claro que dentro de uma empresa, muitos resultados precisam ser entregues “pra ontem”, mas algumas pessoas confundem agilidade com pressa.
O apressado é aquele que faz as coisas rápido. Porém, é muito ansioso, impaciente e sente que é perda de tempo parar para pensar, planejar e organizar as ideias antes de tomar uma decisão. Por isso, não cuida dos detalhes e age sem calcular as possíveis consequências.
Do ponto de vista do apressado, o tempo nunca é suficiente para realizar as tarefas que lhe cabem em um dia. Então, ele tenta fazer várias coisas ao mesmo tempo com a falsa ideia de estar aproveitando melhor as horas que tem, mas a pressa em tentar entregar resultados pode comprometer toda a execução do trabalho.
Já o ágil não se precipita. Ele tem o timing adequado. Consegue antecipar possíveis problemas e toma as devidas providências. É mais flexível para lidar com mudanças e tem iniciativa. Não deixa o trabalho parado nas mãos de outras pessoas e mantém um equilíbrio entre a entrega e a qualidade do serviço.
A corrida por resultados imediatos em uma empresa pode ser perigosa quando não está associada à garantia da qualidade das entregas ou mesmo à sustentabilidade do negócio. O que estou querendo dizer é que, de nada adianta trabalhar hoje e não pensar lá na frente, ter uma semana muito boa de vendas e não se preocupar em manter o mesmo padrão durante todo o mês.
Não podemos tirar o foco do negócio. Alguns profissionais estão perdendo a capacidade de planejar e obter progressos em nome da busca pelos resultados imediatos. Matam um leão por dia e deixam para pensar no futuro amanhã. Ou seja, para eles o que vale é entregar algo relevante hoje, independente se, para isso, utilizaram mais recursos ou rebaixaram o padrão de qualidade.
Mas só pensar no futuro basta? Claro que não! O grande desafio é encontrar equilíbrio a fim de que esse senso de urgência não se transforme em senso de emergência.
Por não planejarem, muitas companhias têm como consequências desequilíbrios financeiros, interrupção da produção, gargalos logísticos, uma série de não-conformidades, equipe sem a qualificação adequada, entre vários outros prejuízos.
A pressa prejudica as companhias e os profissionais. A ansiedade excessiva inibe bons negócios. O caminho correto, portanto, é planejar o futuro e fracioná-lo de forma que seja possível pensar no mês, na semana e também no dia, tudo isso alinhado à estratégia da organização.
Flávio Moura
Palestrante e consultor empresarial nas áreas de Gerenciamento em Vendas e Gestão do Relacionamento com o Cliente, possui especializações em Estratégia Empresarial e Empreendedorismo, bem como em Engenharia da Produção e Logística. Além disto, atua como professor universitário em cursos de graduação e pós-graduação em várias instituições de ensino.