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Porque é que uma Bimby é utilizada por Chefs Michelin e por famílias comuns?

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Bruno Horta Soares CONTEÚDO EM DESTAQUE

Consultório Portal GSTI #23 – “Porque é que uma Bimby é utilizada por Chefs Michelin e por famílias comuns?”

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Caros leitores,

O que faz com que um “Chef Michelin” e uma família comum comprem um robô de cozinha de centenas de Euros? A resposta é simples: Porque todo o mundo ama tecnologia!

As novas tecnologias têm algo de mágico, algo que qualquer comum mortal não consegue explicar racionalmente e, como tal, deixa-se levar pela emoção cedendo ao desejo de poder tocar, usar ou simplesmente estar perto para poder assistir da primeira fila ao espetáculo da inovação .

É este fenômeno que faz com que a atração emocional pela tecnologia seja muitas vezes inversamente proporcional ao conhecimento e entendimento da tecnologia, ou seja, quanto menos se entende o porquê da tecnologia (a razão), maior parece crescer o desejo de ter (a emoção) .

À medida que o nível de conhecimento aumenta, a paixão vai muitas vezes dando lugar à razão e levando o utilizador destas tecnologias a olhar o mundo que o rodeia para poder melhor entender de que forma poderá essa tecnologia interagir com outras tecnologias e assim contribuir para uma criação de valor mais alargada.

É aqui provavelmente que se distinguem os Chefs Michelin das famílias comuns. Enquanto os primeiros, pela visão sistêmica que têm da cadeia de valor associada a uma refeição, enquadram a utilização do robô de cozinha num sistema mais alargado onde conseguem comprovar o contributo dessa ferramenta para acriação de valor (melhor satisfação das necessidades dos clientes , melhor gerenciamentodos riscos ou melhor otimização dos recursos ), as famílias acabam por manter uma visão mais apaixonada sobre estas ferramentas criando um conjunto de motivações e benefícios em torno delas, acreditando que tudo o resto mudará em resultado da influência que esse novo elemento terá em tudo o que o rodeia (as necessidades, as competências das pessoas, os processos, as outras ferramentas, etc.).

Imagem do aparelho Bimby Robot
Bimby

Do ponto de vista da avaliação do investimento de compra de um equipamento deste género, enquanto um restaurante avalia os benefícios para o negócio da utilização do robô bem como o contributo dessa ferramenta para os processos relacionados, a família acaba muitas das vezes por validar o investimento no robô pela disponibilidade de orçamento (ou crédito) para a sua aquisição, projetando um retorno futuro resultante dos impactos idealizados. Enquanto no restaurante a tecnologia é sempre vista como mais um recurso para a satisfação dos benefícios, na lógica familiar as expetativas e a pressão sobre a tecnologia são enormes, aumentando substancialmente os riscos relacionados com a sua utilização.

Por maior fé que se possa ter num robô de cozinha como a Bimby é sempre necessário garantir que pelo menos se entendam quais as necessidades reais a satisfazer, que existem condições de contexto para utilização dessa tecnologia (como uma cozinha equipada com outros equipamentos) ou que os recursos financeiros investidos sejam realmente sustentáveis ao longo do tempo… e já agora que exista um ou mais “bimbos” que a saibam e queiram utilizar!

O que é que isto tem a ver com tecnologias de informação? Tudo! As empresas podem ter um perfil de utilização de tecnologias que se aproxima mais de um “Chef Michelin” ou de uma Família . Na verdade, um dos principais desafios que existe hoje em dia nas Organizações é precisamente quando as áreas de negócio desvalorizam ou desconhecem o potencial da tecnologia (porque eles são os Chefs) e as áreas informáticas colocam a tecnologia no centro de tudo, não entendendo como é que as áreas de negócio não partilham da sua paixão tecnológica.

Para que seja possível entender as tecnologias de informação como um elemento importante para a criação de valor na Organização é necessário que os investimentos tecnológicos sejam enquadrados nas necessidades do negócio, aproximando a governança e gerenciamento da Organização mais de um restaurante de estrela Michelin do que de uma sala de jantar familiar.

Para uma Organização de sucesso não chega você usar o último grito tecnológico, é necessário garantir que ao nível da governança das tecnologias de informação é avaliada a utilização das tecnologias certas e os benefícios relacionados (“Doing the right things” e “Getting te Benefits”), e ao nível do gerenciamento das tecnologias de informação que as tecnologias de informação são utilizadas da forma correta e que funcionam corretamente (“Doing them the right way” e “Done well”).

A boa, má ou não utilização de novas tecnologias representam riscos, ameaças ou oportunidades , cada vez mais importantes para as Organizações, motivo pelo qual as práticas de governança e gerenciamento ganham cada vez maior importância no domínio das competências dos profissionais de tecnologias de informação.

Da próxima vez que se apaixonar por uma nova tecnologia tente não se esquecer que a tecnologia não é um fim em si mesmo mas um elemento fundamental para a criação de valor no sistema de informação da Organização.

Espero ter ajudado!
Bruno Horta Soares, CISA®, CGEIT®, CRISC , PMP®
"The more you know, the less you no!"

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