Gestores eficazes são aqueles que têm a capacidade intelectual de tomar boas decisões e implementá-las em ambientes ambíguos, complexos e não quantificáveis
Temos que concordar que Folsom foi preciso em sua afirmação. Se você acompanhar durante algum tempo o dia a dia de alguém que tem cargo de alta direção numa média ou grande empresa, verá que a rotina dele é composta por um sem-número de deliberações que boa parte das pessoas de bom senso também daria conta. O problema é saber lidar com aquelas questões capciosas que pedem mais do que o bom senso.
Uma coisa é clara nos dias atuais: grandes líderes são aqueles que têm a capacidade intelectual de tomar boas decisões e implementá-las em ambientes ambíguos, complexos e não quantificáveis . Ou seja, que permanecem competentes ao lidar com situações que fogem à sua rotina e sobre as quais a maioria das pessoas só sabe se questionar: “Aonde eu fui me meter?”
O líder tem de fazer diferença nas ocasiões em que seu time não consegue agir sem direcionamento . Quando, mesmo contando com uma equipe afinada e proativa, vê que eles recorrem a você porque não sabem o que fazer naquele caso concreto que foge a tudo que já está padronizado. É aí que um gestor descobre que os seus 5% estão batendo à porta.
Eis aí um valioso aprendizado: se as coisas vão bem para todo mundo é muito difícil saber quem é competente e quem apenas está aproveitando a boa dose de sorte que tem . Aliás, não existe demérito algum em valer-se de estar no lugar certo na hora certa, só é preciso ter em mente que provamos o nível de competência de alguém na crise e não em tempos de bonança.
É nesta hora que muitos se desesperam e transmitem o despreparo emocional para o time . Que deixam a aparente sensatez de lado e começam a tomar decisões contraditórias em questão de horas ou ficam paralisados por não saberem o que fazer e transparecem à equipe que todos navegam num barco à deriva.
Mas será que é possível preparar-se para lidar com as situações ambíguas, complexas e não quantificáveis que aparecem pela frente quando menos se espera? É claro que não existe uma receita de sucesso, mas duas atitudes podem amadurecê-lo para enfrentar a incerteza.
A primeira delas é mudar um número considerável das principais obrigações e responsabilidades a cada dois ou três anos . Isso o força a adquirir novas habilidades e a manter-se aprendendo sempre , além de proporcionar experiências profissionais pelas quais possivelmente não passaria caso se mantivesse em sua zona de conforto.
Uma outra boa ideia é buscar posições de liderança fora do trabalho, sobretudo em atividades de voluntariado . Ao colocar-se à frente de um grupo na igreja que frequenta, associação de classe, comunidade de bairro ou no clube esportivo, por exemplo, é quase certo que suas habilidades na gestão de pessoas serão muitas exigidas, afinal os colaboradores que estão ali não são seus empregados nem recebem salário. Além, é óbvio, de você poder contribuir efetivamente com a causa principal que o levou até lá.
Desacomodar-se é a palavra-chave. Ninguém é capaz de prever todas as decisões daquela parcela de 5% que terá de tomar durante as próximas semanas ou meses , mas certamente é possível adquirir um leque de novas perspectivas que serão úteis na hora H.
Wellington Moreira
wellington@caputconsultoria.com.br