As pessoas que orientam suas carreiras de acordo com a profissão são menos atingidas por bruscas mudanças no mercado
Infelizmente é muito comum encontrarmos hoje em dia pessoas que estão insatisfeitas com o rumo de suas carreiras . Até aí nenhuma novidade. Problema maior mesmo é aquele enfrentado por quem descobre que tomou decisões equivocadas durante sua trajetória profissional e só agora percebe que não tem carreira alguma.
Anos atrás presenciei a conversa entre dois pintores, um muito bem-sucedido e outro que ainda buscava seu espaço na área e procurava compreender porque o mercado os percebia de forma tão diferente se a habilidade técnica era praticamente a mesma.
O profissional mais experimentado, mesmo com poucos anos de estudo formal destacou: “Durante os últimos vinte anos, quando alguém precisava de um pintor facilmente me encontrava. Contudo, se vinte anos atrás você também estava na mesma profissão, não pode esquecer que depois foi fazer muitas outras coisas diferentes até retomar seu trabalho como pintor”. E completou: “ Seu nome ainda não está fresco na cabeça das pessoas, mas daqui a algum tempo isto vai mudar. Fique tranquilo! ”.
Situações como esta são cada vez mais comuns, pois muita gente acaba migrando para diferentes áreas sem qualquer tipo de coerência e desconhecendo os efeitos danosos que seus impulsos ou necessidades de curto prazo provocam na orientação de uma carreira . Pessoas lutadoras que estão dispostas a realizar aquilo que for preciso para alcançarem um lugar ao sol, mas cujos currículos se assemelham a uma feia colcha de retalhos.
Conceitualmente, profissão é a atividade de trabalho para a qual a pessoa conquistou uma formação específica a fim de poder exercê-la , como é o exemplo do médico, do engenheiro e também do garçom que estudou para tanto. Por sua vez, ocupação é aquilo que a pessoa realmente faz em seu dia a dia, estando ou não interligada à profissão de origem. Por exemplo, pode-se ter a profissão de engenheiro e a ocupação de empresário, gerente de uma planta industrial ou professor universitário, além de alternativas que surgem ano a ano.
Já a carreira trata do conjunto de atividades ou ocupações que uma pessoa exerce dentro de uma mesma profissão ao longo de sua trajetória . Portanto, quem possui um emaranhado de ocupações desconectadas durante os últimos anos não tem carreira, mesmo que aquilo que faça atualmente supra suas necessidades, sejam elas quais forem.
Mas, na prática por que isto é tão importante? As pessoas que orientam suas carreiras de acordo com a profissão são menos atingidas por bruscas mudanças no mercado , já que poderão optar por novas ocupações dentro destas mesmas profissões numa evolução natural da carreira. Quadro bem diferente daqueles que jogam todas as fichas em determinada ocupação e, depois de algum tempo, se veem em apuros quando o mercado muda.
Também há aqueles que, por um motivo ou outro, escolhem ocupações totalmente incoerentes com a profissão escolhida e depois acabam tendo uma enorme dificuldade para retomarem sua empregabilidade na área. É por isto que os movimentos na carreira precisam ser meticulosos e bem pensados; especialmente grandes transformações, como ocorre quando a pessoa decide mudar de profissão.
Da mesma forma, é importante conscientizar-se de que a gestão da carreira confere dividendos vultosos no médio e longo prazo, já que antes é necessário investir tempo e dinheiro para solidificá-la. Raciocínio que explica porque aqueles que têm pressa para alcançarem as coisas rapidamente preferem ocupações.
Estruturar uma carreira e dar rumo a ela num ambiente mutável por natureza dá trabalho e muitas vezes a melhor coisa a fazer é procurar alguém que o oriente ao longo deste processo . As pessoas que são referências em sua área de atuação e os consultores de carreira podem ajudá-lo a despender um esforço menor para você chegar aonde quer.
Wellington Moreira
wellington@caputconsultoria.com.br