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BIG Data: O novo faroeste digital

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Bruno Horta Soares CONTEÚDO EM DESTAQUE

LAB GSTI 2.0: BIG Data: O novo faroeste digital

Bruno Horta Soares, CISA®, CGEIT®, CRISC™, PMP®, COBIT 5 | bruno.soares@govaas.com


“O principal objetivo da análise de Big Data é contribuir para que as empresas tomem melhores decisões de negócio”. Onde é que eu já ouvi isto? Esta é a sensação com que fico de “tempos a tempos” quando surgem as chamadas buzzwords da indústria. Hoje vamos falar de Big Data... ou melhor, o novo faroeste digital!

Recordo-me de quando estava a terminar os estudos universitários e surgiram os primeiros grandes projetos relacionados com uma nova abordagem da Informação nas Organizações: o Customer Relationship Management (CRM). Além de colocar o cliente no centro da decisão estratégica e operacional da Empresa , as estratégias de CRM prometiam melhora a criação de valor na organização através da utilização de tecnologias que permitissem não apenas “cuidar do cliente” como até descobrir o que o cliente queria antes dele mesmo saber que o queria .

Assistia-se a uma viragem do paradigma da informática empresarial para uma visão de sistemas de gestão da informação e começavam a surgir os softwares de mineração de dados que faziam as maravilhas de qualquer estudante ou Organização. Recordo-me do desenho dos primeiros modelos em Clementine onde, entre outros objetivos, todos queríamos ver mais dos dados do que aquilo que estava à nossa vista .

Os anos passaram e, apesar de nunca ter trabalhado diretamente na área de mineração de dados, como auditor de sistemas de informação assisti ao crescimento exponencial do volume de dados e ao crescimento da importância do ativo Informação para a criação de valor das Organizações. Infelizmente, a relação entre crescimento de dados e crescimento de informação (ou até de conhecimento) nem sempre foi proporcional, e muitos foram os casos em que por mais que se implementassem tecnologias de análise e tratamento de dados a Informação produzida na Organização não só não melhorava como até era causadora de algumas situações de “overdose” de dados” .

Investimentos em datawarehouse falhados ou estratégias de BI que nunca conseguiram sair da informática, foram alguns dos insucessos que assisti ao longo dos anos. Se pudesse generalizar para encontrar uma justificação para tal diria que “implementar tecnologia para gerir dados é fácil, mudar comportamentos para gerir informação é que é complicado!” .

É inquestionável que a Informação pode trazer “novos mundos ao mundo”. Também não tenho dúvidas que os bancos de dados podem ser terreno fértil para que Organizações, grandes ou pequenas, públicas ou privadas, encontrem novas vantagens competitivas e consigam desenvolver novos paradigmas de criação de valor em torno da Informação. Podemos até estar perante um novo faroeste digital pronto a ser conquistado.

Tal como na colonização do território Norte Americano no século XIX, as promessas de um território selvagem e inóspito, pleno de recursos para explorar é sem dúvida uma tentação para quem procura novos desafios ou para quem simplesmente procura “mudanças de ares”. No entanto, tão importante como as promessas de disponibilidade de recursos valiosos devem ser os objetivos de cada “conquistador” para partir à conquista . Tão importante como partir em busca do ouro prometido devem ser os objetivos que os conquistadores devem ter para quando o encontrarem.

Esse parece-me continuar a ser o principal desafio do Big Data. Independentemente de se tratar de um terreno fértil, só criará valor a organizações que, independentemente da tecnologia, saibam e queiram efetivamente inovar e criar vantagens competitivas a partir da Informação.

Quer esteja a definir a sua estratégia para Big Data ou seja apenas um curioso das novas tendências, recomendo a leitura do novo documento do ISACA: Big Data: Impactos e Benefícios (disponível em versão Portuguesa) . O documento apresenta uma visão muito interessante do Big Data orientada aos riscos e oportunidades do Big Data, aproveitando para relacionar este novo conceito com a framework de governança e gestão de TI, COBIT 5

Conclusão
O CRM colocou o Cliente no centro da Organização, contribuindo decisivamente para novos modelos de negócio orientados à total satisfação das suas necessidades. O Big Data só será verdadeiramente inovador se conseguir colocar a Informação no centro da decisão Organizacional, ajudando a quebrar barreiras funcionais e posicionando a Informação como um ativo importante e valorizável.

Desta forma será possível explorar o Big Data na sua plenitude e implementar estratégias efetivas de governança da informação que ajudem a uma efetiva otimização dos riscos e recursos de Informação.

Tal como no velho oeste, coisas boas e más irão certamente acontecer com o Big Data… mas nada voltará a ficar como antes.

Cumprimentos desde Portugal… estamos juntos!

Referências:
ISACA website: www.isaca.org

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